Coronavírus e mudanças de planos: como usar isso a seu favor

O que esperar do futuro? Na verdade, nunca tivemos certeza sobre o que nos espera, mas em meio às mudanças significativas que ocorreram com a pandemia do coronavírus, essa pergunta ganhou outro significado. Antes, vivíamos numa rotina cheia de compromissos e planos. A ordem era planejar as horas, os dias, os meses, os anos, numa lógica baseada no rendimento e na produtividade.

Agora estamos diante uma incerteza mundial provocada por uma doença que se espalha rapidamente e contamina centenas de pessoas diariamente. De repente, a ordem passou a ser ficar em casa sempre que possível, intensificar os cuidados com a higiene pessoal e do ambiente, e permanecer alerta em relação a possíveis sintomas. O foco se voltou para nossa saúde e para os que estão a nossa volta.

Já não sabemos quanto tempo isso vai durar e nem as consequências dessa pausa forçada. Projetos foram temporariamente suspensos, viagens adiadas, cronogramas alterados, regimes de trabalho modificados, num contexto de incertezas no qual é natural surgir sentimentos como medo e ansiedade. O que nos resta,  é o momento presente. E por mais assustador e incerto que pareça, conseguir aproveitar a oportunidade de desfrutar o hoje pode ser transformador.

O desejo de ter controle sobre as coisas, pessoas e situações é uma característica do ser humano . Fomos acostumados a ter determinadas certezas e garantias para conseguir lidar com o decorrer dos dias. Mas nessa reviravolta provocada pela pandemia, ficou escancarado como esse controle é impraticável. Não sabemos quando a epidemia vai acabar, se seremos infectados ou se pessoas próximas vão ser atingidas pela doença. Além dos crescentes índices de mortalidade, sofremos com outras ameaças, como perda de emprego, falta de renda e instabilidade financeira.

A sensação é como se não tivéssemos mais o domínio sobre nossas vidas. Foram alterações muito bruscas e repentinas, causadas por um elemento novo, que só pelo desconhecido já provoca ansiedade. Traçar planos sobre o futuro faz parte do que somos, e ter mais perguntas do que respostas, sem poder imaginar como agir em seguida, gera angústia e faz com que a sensação de insegurança se intensifique. É um sentimento relacionado à falta de esperança e de controle sobre os eventos.

Para completar, a atual condição de isolamento social trouxe uma nova perspectiva sobre o tempo. Com as incertezas que nos rondam, e a suspensão temporária de compromissos e atividades, as ocupações habituais mudaram, foram reduzidas ou interrompidas.

Aqui e agora, presente!

De um modo geral, a sociedade se acostumou a organizar os dias de forma bastante pragmática, num cotidiano bem delimitado pelo passado, presente e futuro, onde cada iniciativa e cada momento definem a próxima etapa. São ideias projetadas para o posterior, numa sequência contínua e sequencial de tarefas como se estivéssemos ligados no piloto automático. É um aspecto comum da própria modernidade, que atrapalha o viver de maneira integral, voltado para o agora.A conjuntura atual de espera pode ser vista como uma boa chance de identificar essas sensações constantemente represadas (o temor, ansiedade e angústia), num exercício de perceber os próprios sentidos e como reagem diante do mundo, das pessoas, dos perigos e do inevitável.

Em meio à circunstância tão complexa, psicólogos indicam que o cuidado é fundamental: consigo, com os outros, com o lugar onde vivo e com as minhas relações. É cultivar a solidariedade e o pertencimento social, olhar para os que são ou estão próximos e achar formas de contribuir para diminuir as sensações de desconforto. Abrange pensar num mundo mais colaborativo e cuidadoso, com imaginação e criatividade para aproveitar as ferramentas que temos no momento, e fazer o melhor a partir disso.

Descobrir em nós elementos que não eram revelados, numa prática para reencontrar valores e objetivos. Lembrar que não somos onipotentes, não podemos controlar tudo e todos, e que a vida muda a todo instante, daí a importância de desfrutar o aqui e agora.

Fontes: Uol/Viva Bem

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