Controlar o fogo exige preparo, técnica e experiência. Por isso, o Instituto Brasília Ambiental realiza o treinamento periódico dos brigadistas do DF para a prevenção e o combate a incêndios florestais. A ação faz parte da última etapa do processo seletivo simplificado para contratação temporária de chefes de esquadrão e brigadistas que atuarão nas Unidades de Conservação do Distrito Federal durante o período de estiagem.
Ao todo, serão selecionadas 150 pessoas para as vagas. A formação ocorre após a entrada em vigor da Lei nº 7.657/2025, que ampliou o tempo de contratação dos brigadistas para dois anos, prorrogáveis por mais um. “A nossa seleção acontecia anualmente e, antes, era feita por decreto emergencial. Com esse novo modelo, conseguimos investir em equipamentos de melhor qualidade, o que reduz custos para o Estado e permite um trabalho preventivo mais eficiente”, explica o diretor da Diretoria de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (DPCIF) do Instituto Brasília Ambiental, Erisson Cassimiro.
Com mais tempo de contrato, os brigadistas podem se preparar melhor para o período da seca e atuar em ações de prevenção nos meses de chuva. “Eles passam a trabalhar na manutenção das trilhas, das unidades e no apoio aos parques”, completa Cassimiro.
Esta é a primeira vez que a autarquia promove o curso de formação em três etapas: análise curricular; teste físico composto pelo teste de aptidão física (TAP) e por avaliação com ferramentas agrícolas; e o curso de formação. Foram selecionadas 280 pessoas para essa última fase, divididas em duas turmas de 140 alunos. Dessas, 150 serão contratadas imediatamente – 30 chefes de esquadrão e 120 brigadistas – e outras 75 formarão o cadastro reserva. As demais 35 não serão selecionadas.
“A gente tem o hábito de formar brigadistas mesmo fora das contratações, dentro do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Ppcif), em parceria com o Corpo de Bombeiros, ICMBio e Ibama. Os cursos também funcionam como uma ferramenta de educação ambiental, além de preparar profissionais para o mercado”, explica Cassimiro.
Em 2024, o Relatório de Área Queimada (Promaq) registrou 58 áreas atingidas por incêndios, entre parques e unidades de conservação, totalizando 583 Registros de Incêndios Florestais (RIF). Foram consumidos 2.754,49 hectares, número que, embora alto, está dentro da média histórica — reflexo da resposta rápida dos brigadistas florestais.
A expectativa para este ano, segundo o diretor, é de redução na área atingida. “Os brigadistas monitoram constantemente as unidades. No menor sinal de fumaça, eles já estão prontos para agir. Quanto mais cedo o combate começa, mais fácil é conter o fogo”, afirma.
Simulação na prática
Durante o curso de formação, os participantes aprendem sobre os equipamentos, ferramentas e técnicas de combate a incêndios florestais. “Aliamos teoria e prática. Pela manhã, eles têm aulas sobre manejo e comportamento do fogo. À tarde, partimos para as atividades práticas, com uso direto das ferramentas e simulações com fogo real”, explica o agente de unidade de conservação Gesisleu Darc Jacinto, um dos instrutores de brigadas de incêndio florestal do DF.
O objetivo é formar novos instrutores e garantir autonomia do Instituto Brasília Ambiental nas capacitações. “A capacitação que recebemos já foi um grande avanço. A meta agora é formar mais servidores do Ibram como instrutores, o que nos dará autonomia para ministrar os cursos sempre que necessário”, completa Gesisleu.
Pela primeira vez atuando na área, a brigadista em formação Katiuscia Santana, 45 anos, destaca o impacto do curso em sua visão sobre o meio ambiente. “Não é só sobre combater incêndios, é também sobre preservar os parques e conscientizar a população. Eu já frequentava muito o parque próximo da minha casa, no Riacho Fundo II, e sempre admirei o trabalho dos brigadistas. Agora, quero fazer parte disso”, afirma.
Fonte: Agência Brasília