Um estudo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) mostra que o número de matriculados em instituições de ensino superior com mais de 40 anos representa um aumento de 171,1% nos últimos dez anos. Entre 2012 e 2021 foram 28.578 pessoas, apenas no Distrito Federal.
No último sábado (11), viralizou um vídeo mostrando três estudantes de uma universidade particular de Bauru (SP), debochando de uma mulher que também estuda na instituição, pelo fato de ela ter “40 anos”.
A psicoterapeuta Helena Abdalla, ressalta que frases do tipo ‘você não tem mais idade para isso’ pode ser classificada como etarismo, que consiste no preconceito, na intolerância, na discriminação contra pessoas com idade avançada. Ou seja, um preconceito que se refere a essas pessoas como se elas fossem incapazes e incompetentes.
“Nós sabemos que a idade não retira nada de nós. Ela não exclui a nossa capacidade de aprender, de sonhar, nossa capacidade de viver a vida de maneira que nos agrade. Como se as pessoas de idade avançada fossem inadequadas para realizar sonhos, que são destinados e designados, pela própria construção da sociedade, para grupos de jovens adultos, por exemplo”, diz a especialista.
A profissional destaca que as pessoas mais velhas têm a capacidade de sonhar e de olhar para a vida de outra forma. Para ela, a realidade pode parecer diferente dos jovens adultos, por causa da idade e do meio cultural geracional. Esses grupos ainda têm dificuldade de entender que a intelectualidade pode estar em todos os níveis.
Helena Abdalla explica que “pessoas com mais idade de forma mais refinada, conseguem olhar para dentro e despertar sonhos e caminhos que ainda estão vivos e que elas querem, de uma forma muito mais competente”. O último Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação (MEC), mostra que em 2021, 599.977 pessoas na faixa etária dos 40 anos foram matriculadas em todo o país.