No Distrito Federal, o envelhecimento da população é uma realidade cada vez mais presente. De acordo com o estudo Perfil da População Idosa do DF, do Instituto de Pesquisa e Estatística (IPEDF), já são cerca de 200 mil pessoas com 60 anos ou mais. Em 2000, apenas 5,3% da população brasiliense era idosa; em 2010, o percentual subiu para 7,7%, e para 2030 a previsão é de quase 15%.
“Estamos vivendo uma transformação social. A vida está cada vez mais longa, e precisamos aprender a aproveitar cada fase com qualidade e hábitos mais saudáveis”
Carlos Uribe, neurologista
“Estamos vivendo uma transformação social. A vida está cada vez mais longa, e precisamos aprender a aproveitar cada fase com qualidade e hábitos mais saudáveis”, explica Carlos Uribe, neurologista do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF).
Por trás dos números estão histórias de vida que inspiram. Epifânia Maria de Jesus, a irreverente “Dona Pifa”, é um exemplo que chama a atenção. Nascida em Correntina, no interior da Bahia, ela soma 108 anos de risadas, memórias e conquistas. Matriarca de uma família de 14 filhos, 39 netos, 44 bisnetos e 10 tataranetos, Dona Pifa carrega no olhar a vivência de quem atravessou um século de transformações.
Apesar das perdas que o tempo impõe, ela não perdeu a energia nem o humor. “Ah, eu tenho a sorte boa, eu sou a Pifa que não pifa”, dispara, divertida. Entre os 90 e os 104 anos, realizou sonhos que muita gente mais jovem ainda adia — fez quatro tatuagens, incluindo uma chave dourada que, para ela, significa “fechar a vida com chave de ouro”. O feito rendeu um lugar no Guinness Book como a mulher mais velha a fazer uma tatuagem.
Mesmo lidando hoje com sinais de demência, Dona Pifa segue vital: canta, recita poesias, recebe o carinho da família e garante que o segredo da longevidade é simples, alegria de viver.
Neste Dia Nacional da Pessoa Idosa, celebrado em 1º de outubro, a data convida à reflexão sobre a importância de cuidar da saúde em todas as fases da vida. O objetivo é garantir qualidade, autonomia e bem-estar ao longo dos anos. Exemplos como o de Dona Pifa mostram que envelhecer pode ser leve e inspirador.
Hábitos que fazem a diferença
Segundo o neurologista Carlos Uribe, práticas simples e consistentes contribuem para uma velhice mais saudável: ter alimentação equilibrada; caminhadas, alongamentos e exercícios de força ajudam a manter a autonomia; fazer check-ups regulares, com consultas médicas e exames preventivos; cultivar amizades, hobbies e momentos de lazer; e dormir bem. “Quem se cuida desde cedo chega à terceira idade com muito mais disposição. Mas nunca é tarde para mudar”, reforça o neurologista.
Quando a idade é só um número
Prestes a completar 75 anos, Pedro Mauro Braga é outro exemplo de vitalidade. Aos 74, mantém uma rotina que muitos jovens invejariam. “Às segundas e quartas, eu faço hidroginástica e academia. Às terças, quintas e sextas, faço quatro quilômetros de caminhada, seis de corrida e uma hora de musculação”, conta, com a naturalidade de quem já transformou movimento em hábito.
Nos intervalos, Pedro encontra outras formas de se manter ativo, varre a calçada, ajuda na limpeza de casa, cuida das plantas e se dedica à marcenaria. Para ele, no entanto, a verdadeira felicidade não está apenas no corpo em movimento, mas na convivência com a família. “Os momentos mais felizes da minha vida são quando consigo reunir minha esposa, meus quatro filhos, meus três netos e minha nora. Não existe satisfação melhor.”
*Com informações do IgesDF