Nesta manhã (9), a Polícia Civil do DF, por intermédio da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais—Corpatri deflagrou a Operação Guincho-Fake para cumprir 27 mandados judiciais expedidos pela 2ª Vara Criminal de Brasília, sendo oito prisões temporárias, 16 buscas e apreensões e três sequestros de valores. A operação tem por objetivo desarticular uma organização criminosa especializada em furtos de veículos mediante fraude e falsificação de documentos.
De acordo com as investigações, o grupo possuía um modus operandi inusitado, mas que se mostrou altamente eficiente. O esquema funcionava da seguinte forma: olheiros do grupo localizavam carros de interesse que estivessem estacionados em locais públicos. Após anotarem a placa desses veículos, falsificavam o CRLV e, então, passavam a fazer contato com serviços de guincho e, fingindo serem os verdadeiros proprietários, solicitavam aos guincheiros que rebocassem os carros até locais pré-determinados.
Para dar credibilidade à solicitação, os criminosos enviavam por aplicativo de mensagem instantânea a cópia falsificada dos documentos dos carros e o endereço onde os veículos estavam estacionados. Em algumas oportunidades, entregavam, pessoalmente, chaves falsas aos funcionários das empresas de guincho. Ludibriados, eles se deslocavam até o estacionamento indicado e encontrava o carro conforme narrado pelos criminosos.
“Ao tentar baixar o freio de mão, o guincheiro percebia que a chave não abria o carro. Nesses casos, entrava em contato por celular com o solicitante o, momento em que era enganado novamente pelos criminosos, que diziam ter se equivocado e entregado a chave errada”, conta o delegado Erick Salum da Corpatri.
As apurações confirmaram, ainda, que durante as conversas, os criminosos diziam estar com pressa e autorizavam o funcionário a arrastar o carro para cima do guincho. “Com todo esse engodo, os guincheiros acabavam subtraindo o carro de terceiros sem saber o que estavam fazendo. Os carros eram rebocados até oficinas no entorno de onde eram levados por outros membros do grupo para locais incertos”, destaca o delegado.
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Com essa dinâmica, a quadrilha conseguiu subtrair pelo menos cinco veículos (2 Peugeot, 2 Saveiros e 1 Fiat Prêmio). Os furtos se deram na Asa Norte e no Shopping de Águas Claras, em plena luz do dia e sob o olhar de porteiros, seguranças e câmeras, confirmando a tamanha ousadia do grupo criminoso.
Numa das tentativas na SQN 406, o furto de um veículo não se concretizou porque a proprietária flagrou da janela do apartamento o carro sendo rebocado e, desesperadamente, conseguiu impedir a ação. Durante a apuração, foi verificado ainda que, além desses crimes, o grupo criminoso está envolvido em robusto esquema de falsificação de documentos e desvio de benefícios emergenciais referentes à pandemia do coronavírus. Entre os criminosos, estavam mãe e filho.
A mulher aproveitava-se do vínculo familiar para direcionar o adolescente nas atividades criminosas e, caso não obtive sucesso, usava de sua autoridade de mãe para praticar violência psicológica. Com as prisões, acredita-se que o esquema foi completamente desarticulado. “O sequestro de valores estimado em R$ 90 mil, feito nas contas de cada um dos envolvidos, poderá diminuir o prejuízo das vítimas”, finaliza o delegado Erick Salum. As investigações prosseguem objetivando verificar a destinação dada a todos os veículos subtraídos e, eventualmente, ainda, responsabilizar outros integrantes do grupo.
Durante os trabalhos investigativos, a PCDF entrou em contato com o sindicato dos guincheiros do DF informando sobre a ação do grupo e prática criminosa, visando reprimir novas ocorrências dessa mesma natureza. Todos os envolvidos irão responder por associação criminosa, cinco furtos qualificados pela fraude, falsidade documental, adulteração de sinal identificador e corrupção de menores. As penas somadas podem ultrapassar a 30 anos de reclusão.
Ascom/PCDF