Minas não cultiva a cultura da exclusão; somos um só país, diz Pacheco

As recentes declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, sobre o consórcio criado por governadores do Sul e do Sudeste para se opor aos estados das outras regiões em temas como a reforma tributária repercutiram entre os senadores. Na manhã desta segunda-feira (7), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se manifestou, por meio de rede social. “Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo. Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país”, disse Pacheco.

Em Plenário e pelas redes sociais, parlamentares se manifestaram sobre as declarações. Para defensores do governador, tudo não passou de um mal-entendido. Críticos das falas de Zema acusaram o governador de ignorância e xenofobia.

Na entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que provocou a polêmica, Zema defendeu a união dos estados do Sul e do Sudeste em busca de um maior protagonismo político. O governador questionou medidas de combate à desigualdade que beneficiam os estados das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e comparou a situação do país à de um produtor rural que dá “um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”.

Defesa

Em Plenário, as falas de Zema foram defendidas pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), que classificou a polêmica como resultado da “intenção maldosa dos fomentadores da desunião”. Para ele, basta ler a entrevista para constatar que a fala foi clara e respeitosa. Ele apontou “falta de moral” dos integrantes do Consórcio Nordeste e disse que os problemas da região não se dão por falta de dinheiro, mas por má gestão dos recursos.

— Concluindo a questão do governador Zema, nem ele e muito menos o Partido Novo jamais fizeram qualquer declaração crítica ao povo nordestino, muito menos separatista. Muito pelo contrário, há, neste país continental, espaço e condições ideais para o progresso de todos os 26 estados, sem que seja necessário nenhum tipo de concorrência — disse Girão.

Também em defesa do governador de Minas Gerais, o senador Eduardo Gomes (PL-TO) classificou a polêmica em torno das falas como um mal-entendido que foi potencializado. Segundo o senador, algumas pessoas estão parando de escrever, porque não conseguem fazer isso sem que as palavras sejam distorcidas.

— Pude ler e observar que quem aposta na divisão dos brasileiros vai apostar errado, de um lado ou de outro. A utilização política de uma política de desenvolvimento não é salutar; não é com relação ao Norte, ao Nordeste, à Zona Franca, ao Semiárido. Esse tipo de divisão é uma aposta ruim, porque o Brasil se visita muito e não há um brasileiro de uma região que não vença, que não faça parte do sucesso de outra — disse o senador, que falou em “fake news”.

Para Jorge Seif (PL-SC), os críticos retiraram de contexto a fala do governador de Minas Gerais. “A mesma esquerda que hoje tenta culpar a direita de ‘separatismo’, no passado, criou um bloco de governadores do Nordeste, para consolidar seu próprio polo do poder”, criticou o senador.

Xenofobia

Ao criticar Zema, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) falou em xenofobia. “Zema se vale de velhas práticas preconceituosas para destilar seu ódio contra nordestinos e nortistas. A xenofobia é um dos crimes mais cruéis e nefastos contra nosso próprio povo. Esse tipo de discurso de ódio e separatismo não pode mais ter espaço em nosso país! Respeite o povo do Norte e do Nordeste!”, publicou Randolfe.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) afirmou que ao contrapor regiões do Brasil, numa fala nitidamente preconceituosa, Zema busca estimular a divisão e o ódio entre os brasileiros por oportunismo eleitoral. “O Brasil é um só e o verdadeiro inimigo dos brasileiros é o populismo irresponsável!”, criticou o senador.

O senador Lucas Barreto (PSD-AP), por sua vez, afirmou que as declarações de Zema servem para demonstrar as dificuldades enfrentadas todos os dias por quem busca a redução das desigualdades regionais. “A fala do governador Zema não é isolada e indica profunda ignorância sobre a importância dessas regiões para o Brasil. No Senado Federal, as bancadas do Norte e do Nordeste estão unidas, não para o divisionismo pretendido pelo governador, mas para buscar sempre o bem comum”, esclareceu.

Reação do Nordeste

A maior parte das manifestações foi de senadores do Nordeste. Alguns deles lembraram que o norte do estado de Minas Gerais é abrangido pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

“A ignorância duvida porque desconhece o que ignora. Governador Zema, o norte de Minas Gerais tem 249 municípios incluídos como Região Nordeste, que têm os mesmos benefícios da Sudene, Banco Nordeste etc. Seu discurso divisionista é repugnante, pobre, num estado de estadistas como JK, Tancredo, Milton Campos, Valadares e Afonso Pena”, rebateu Otto Alencar (PSD-BA).

“O alento é saber que Minas e os mineiros são muito maiores do que esse funesto sujeito, acidente político em um estado de história tão altiva. Tanto de Minas é Nordeste, e nós todos neste país somos tantos de nós mesmos, que é inacreditável alguém defender a separação entre nós”, publicou o senador Humberto Costa (PT-PE) .

Na mesma linha, Alessandro Vieira (PSDB-SE) disse que Zema ignora ferramentas de desenvolvimento já disponíveis para seu estado. “Na ânsia de ocupar espaço na política nacional, o governador Zema demonstrou ignorância sobre o que significa o pacto federativo, quais são as ferramentas de desenvolvimento já disponíveis para Minas Gerais e o óbvio: Norte e Nordeste exigem respeito, e no Senado todos os estados são iguais”.

Os senadores Weverton (PDT-MA) e Augusta Brito (PT-CE) ressaltaram a importância do Nordeste para o Brasil.  “As duas regiões têm grande potencial. O Norte e o Nordeste precisam de apoio para que esse crescimento econômico gere riqueza para a população, reduzindo a gritante desigualdade social no Brasil. Não há uma guerra entre estados, porque quando um perde, é o Brasil que perde. É a união que deve pautar o interesse público”, disse o senador.

Separatismo

Os senadores Eliziane Gama (PSD-MA) e Marcelo Castro (MDB-PI) classificaram o posicionamento de Zema como separatista. “A fala separatista do governador de MG é infeliz, promove desunião entre as regiões e mostra o quão ele desconhece o que é o Nordeste para o Brasil. Precisamos de líderes que integrem o país, não de quem promova guerra entre seu próprio povo”, disse Eliziane.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) se disse preocupado com o teor das falas: “Preocupante e abominável esse desejo de atuar contra Norte e Nordeste, pois isso agrava as desigualdades! Buscar soluções conjuntas, em vez de competir, é o essencial para o momento. Isso garante o desenvolvimento em todo o Brasil, trazendo união e crescimento sustentável”.

Para a senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), as declarações foram infelizes e xenofóbicas. “Nós, nordestinos, somos parte essencial da identidade brasileira. Não há necessidade de guerra entre regiões. O Brasil precisa crescer unido, inclusivo e livre de discriminação”, afirmou.

Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) defendeu a união entre os estados. “Nós vivemos um momento em que se torna extremamente necessário promover a união entre os estados em favor de uma nação que precisa se desenvolver. O Brasil precisa e exige união, não separação. A declaração de Zema é agressiva, xenofóbica e merece ser repudiada por todos os brasileiros.”

Fonte: Agência Senado

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, ou clicar em "Prosseguir, você concorda com tal monitoramento. Para mais informações, consulte a nossa Política de privacidade.