A inserção do dispositivo intra-uterino (DIU) de cobre está disponível em 135 unidades básicas de saúde (UBSs) do Distrito Federal. Desde 2021, foram mais de 22 mil inserções do DIU de cobre, segundo o Portal InfoSaúde, gerido pela Secretaria de Saúde (SES-DF). A faixa etária com maior cobertura é de 20 a 29 anos, com destaque para as regiões de Ceilândia, Planaltina e Guará. Contabilizando inserções, consultas e retiradas do dispositivo, o quantitativo chega a 28,6 mil atendimentos no mesmo período.
Os dados evidenciam os esforços deste Governo do Distrito Federal (GDF) em facilitar o acesso da população a opções de planejamento reprodutivo. O dispositivo é um dos mais indicados para pessoas com útero — mulheres cisgênero e homens transsexuais — devido à ausência de hormônio e duração de 12 anos.
De 2021 até 2024, o total de inserções do dispositivo mais que dobrou. Em 2021, foram 2.916 procedimentos, ante 8.221 em 2024. A alta ocorreu após a publicação da Portaria nº 422, de outubro de 2023, que autoriza enfermeiros a executarem o método, antes restrito a médicos. A medida permitiu que mais equipes da Estratégia de Saúde da Família ofertasse o dispositivo, facilitando o acesso da população ao contraceptivo.
Os enfermeiros e médicos que inserem o dispositivo precisam passar por uma capacitação, conforme recomenda uma nota técnica do Ministério da Saúde. Para isso, foi firmada uma parceria com a Associação Brasileira de Enfermagem.
Para a médica da Família e Comunidade Fabiana Soares, a participação da enfermagem é essencial para a promoção dos serviços básicos de saúde. “São profissionais que têm autonomia na Atenção Primária. Tem paciente que só quer ser atendido pela enfermeira, principalmente mulher, que já faz normalmente os exames preventivos do colo do útero”, afirma. Ela destaca que a autorização contribuiu para a melhoria dos indicadores de saúde, a redução da mortalidade materna e infantil, a prevenção de gravidez não planejada e a atenuação de abortos provocados.
“É um método incrível que vale 12 anos e não tem hormônio, muito vantajoso para mulheres diabéticas e hipertensas”, salienta ela, acrescentando o impacto para adolescentes. “É comprovado que 70% das adolescentes que engravidam, não voltam para a escola. Isso dá empoderamento para as mulheres, elas realizam os sonhos delas. Tem tantas que chegam, às vezes chorando, e falam: ‘Doutora, eu estou podendo fazer uma faculdade. Quero ter filho daqui dois, três anos.’ Isso é qualidade de vida”, aborda Fabiana, que estava à frente da Atenção Primária em 2023 e estudou a inserção do DIU no mestrado.
Autonomia e segurança
O DIU é oferecido como parte das opções de planejamento familiar disponibilizadas pela SES-DF nas UBSs. As pacientes passam por avaliação obstétrica e ginecológica para determinar a adequação do dispositivo ou a sugestão de outros métodos, como contraceptivos orais ou preservativos. Além disso, devem assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes da inserção.
“O planejamento reprodutivo é um direito da mulher, que pode decidir quando e se deseja ser mãe, e é um serviço prioritariamente realizado pela equipe de Atenção Primária mais perto do domicílio”, reforça a responsável técnica pela Saúde da Mulher da SES-DF, Viviane Tobias. “Nas UBSs, a população pode encontrar o DIU de cobre, contraceptivos hormonais injetáveis e orais, e preservativos masculinos e femininos. Além disso, também é o caminho para quem deseja aderir a um método cirúrgico, que são a vasectomia e a laqueadura.”
Viviane Tobias reforça que uma das principais vantagens do DIU é que a mulher não precisa ativar diariamente o método, como ocorre com a pílula anticoncepcional. “O DIU é o que temos de não cirúrgico mais seguro e efetivo para a saúde da população. Com ele, a mulher está protegida por 12 anos e ela mesma pode acompanhar a posição do dispositivo no útero, verificado pelo tamanho da cordinha que fica para fora do útero, ou com consulta médica. Além de ser um método reversível, uma vez que basta retirá-lo para interromper a proteção, e de simples inserção”, enfatiza.
A esteticista Cláudia Lima dos Santos, 39 anos, está com o dispositivo desde fevereiro. Para ela, que não deseja ter filhos, o método significa liberdade e poder de escolha. “Eu já tentei a pílula anticoncepcional e o DIU hormonal, mas não deu certo com o meu organismo. Eu engordava muito, minha enxaqueca piorou. Já o DIU de cobre é ótimo, não altera nada, a colocação é fácil e minha recuperação foi bem tranquila”, relata.
A moradora de Santa Maria curtiu tanto a experiência que incentivou amigas e familiares a também aderirem ao método contraceptivo. “Recomendo para todo mundo porque foi a minha melhor escolha. Quatro amigas já vieram. Na minha vez, foi outra amiga que indicou. Vim, conversei com a doutora Fabiana, marcamos a data e pronto, no dia de colocar foi bem rápido”, conta Cláudia.
Cuide-se
A rede pública de saúde também oferece pílulas anticoncepcionais, preservativos, aplicação de injeções e o procedimento cirúrgico de esterilização permanente, a laqueadura. O DIU de cobre também é oferecido a partir de 30 dias do parto, quando o dispositivo não é inserido na maternidade. A contraindicação absoluta é a mulher grávida.
O caminho para a inserção do dispositivo é simples: a pessoa interessada deve procurar a UBS de referência e solicitar o procedimento. Os próximos passos são uma consulta com especialista, exames e o agendamento do procedimento. Caso a unidade de referência não ofereça o serviço, a equipe médica encaminha a paciente para a UBS mais próxima.
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