De acordo com dados do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), grileiros atacaram 27 vezes uma área de relevante interesse ecológico (Arie) para Brasília. A denúncia recebida em 26 de fevereiro relata invasões no local onde o fundador da capital federal passava os momentos de lazer com família e amigos.
A Arie fica localizada na Granja do Ipê, no Caub 1, no Riacho Fundo 2, e a grilagem aconteceu entre 2018 e 2022. Segundo dados do Governo do Distrito Federal (GDF), o paraíso ecológico sofreu, em média, mais de cinco ataques por ano. Cabe lembrar que a devastação do cerrado é crime ambiental, previsto no Código Florestal.
A área, localizada a 35 km do Palácio do Planalto, abriga 1,14 mil hectares de cerrado, nascentes e sítios arqueológicos. Além disso, trata-se de uma região de destaque porque guarda a Mesa JK, estrutura de cimento usada pelo fundador de Brasília para reuniões em momentos de privacidade e descontração na época da construção da cidade.
A responsabilidade da terra é da Secretaria de Patrimônio da União (SPU). No entanto, a gestão e fiscalização ambiental seguem com o GDF. A Polícia Civil (PCDF) investiga a denúncia de grilagem, mas os moradores da região acreditam que o local está sujeito a novas invasões.
Além de preservar o cerrado e proteger espécies nativas, a Arie também possui papel indispensável para o abastecimento de água em Brasília. Os córregos Capão Preto e Ipê Coqueiro alimentam o braço sul do Lago Paranoá. Ou seja, a Granja do Ipê é uma das unidades de conservação de maior relevância no DF.
O Caub 1 luta para preservar a região há 12 anos. Para auxiliar nesse combate, foi fundado o Movimento Diálogos da Arie Granja do Ipê. O projeto visa proteger o local das tentativas constantes de grilagem de terra e conta com a parceria de lideranças camponesas, produtores rurais, escolas, simpatizantes e órgãos públicos, a exemplo da Secretaria de Agricultura.