O risco de consumir maconha ou álcool em excesso também pode estar relacionado ao uso constante do cigarro eletrônico, também conhecido como vaper. As informações são de um estudo americano feito na Universidade Columbia e publicado no periódico científico Substance Use and Misuse.
Os pesquisadores avaliaram mais de 50 mil jovens entre 13 e 18 anos que participaram da enquete Monitoring the Future, aplicada pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos. O monitor acompanha a prevalência do consumo de álcool e drogas em adolescentes.
Conforme o artigo, as perguntas abordavam o consumo de nicotina, tanto em cigarros convencionais quanto eletrônicos, maconha e álcool nos 30 dias anteriores. Enquanto aqueles que fumavam cigarros comuns tinham cerca de oito vezes mais risco de usar maconha, o vape aumentou esse risco em mais de 20 vezes.
Além disso, o hábito de fumar cigarro eletrônico também multiplicou por cinco a probabilidade de um episódio de abuso de álcool no mesmo período.
“Sabe-se que o uso de drogas se inicia com substâncias consideradas mais ‘leves’ e vai crescendo para as mais pesadas. Os resultados da pesquisa mostram que o vape também pode ser considerado uma porta de entrada para outras drogas”, afirma a psiquiatra Jackeline Giusti, do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).
Mesmo sendo proibida no Brasil, a venda, a importação e a publicidade dos cigarros eletrônicos ainda circulam no país. O produto é vetado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por ser de composição ainda duvidosa.
De acordo com o estudo, o cigarro eletrônico causa as mesmas doenças que o cigarro comum, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica, além de aumentar o risco de lesões agudas no pulmão e danos cardiovasculares a longo prazo. Para os autores do estudo, é preciso planejar intervenções e campanhas para reduzir o uso do cigarro eletrônico.