Com investimento de R$ 300 mil do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-DF), o Co-laboratório de Comunicação, Inovação e Design Criativo iniciou, neste mês, o curso Produção Audiovisual e Mídias Digitais. A iniciativa, conduzida pelo Instituto Cultural e Social No Setor, funciona como uma escola gratuita de comunicação em múltiplos eixos, abordando desde o espaço físico das gravações até a criação de conteúdo para plataformas digitais. As inscrições para o terceiro curso do Co-laboratório começam em 11 de julho, pelas redes sociais do No Setor.
O primeiro curso oferecido foi o de design gráfico, voltado a quem tem interesse em ilustração e criação de peças visuais. Em julho, terá início o curso de storytelling, voltado ao desenvolvimento narrativo e à construção de roteiros. Os cursos são independentes, mas complementares, para possibilitar que os alunos se formem com uma base sólida para o mercado de trabalho na área.
O público-alvo é diverso, mas há um esforço específico para alcançar mulheres, já que a área da comunicação ainda carrega desigualdades de gênero em alguns espaços. “A maior parte dos nossos estudantes é formada por jovens entre 18 e 30 anos, mas o curso é aberto a qualquer pessoa interessada em entrar na área”, reforça a coordenadora-executiva do No Setor, Tamara Gonçalves.
Abrangência
Ela também destaca que o projeto busca atingir pessoas em situação de vulnerabilidade, sem deixar de atender a um público mais amplo. “Nosso trabalho social é muito importante, mas estamos abertos a todos que queiram aprender e construir junto”, pontua. Tamara reforça ainda que a parceria com o GDF é essencial para viabilizar uma formação gratuita e de qualidade.
Cada curso tem cerca de 40 horas de duração, distribuídas entre aulas às terças, quintas e sextas-feiras. O formato é semipresencial, o que permite integrar atividades remotas de forma coerente com o foco digital do conteúdo. A formação começa com a compreensão do que é um produto audiovisual, como filmes, curtas e documentários, e apresenta toda a cadeia envolvida em uma produção, com os diferentes papéis dentro de uma equipe.
Ao longo do curso, os participantes passam por diversas etapas da produção: operação de câmera, direção, roteiro, drones, edição e efeitos visuais. Além da parte técnica, também são discutidos temas como mercado de trabalho e estratégias de networking.
Para o professor de audiovisual Lucas Marcelo da Costa, a proposta do Co-laboratório vai além da capacitação técnica. “É um curso que desmistifica o audiovisual, e mostra que é possível sim acessar esse universo, criar caminhos profissionais ou até mesmo registrar a vida de forma mais qualificada”, aponta. “Nosso objetivo é formar não só profissionais, mas também pessoas mais conscientes do potencial de comunicação que carregam”.
Segundo ele, o acompanhamento continua mesmo depois do término das aulas. “A gente segue dando dicas, incentivando, ajudando a abrir portas; é uma trajetória que começa aqui, mas não termina com o curso”, ressalta.
Curso gratuito
A artesã Lívia de Oliveira, 25, conheceu o curso por meio da página do Instituto No Setor nas redes sociais. É a segunda formação de que ela participa nesta edição do projeto, e o conteúdo tem tudo a ver com o que já desenvolve profissionalmente. “É um curso que vai me dar muitas oportunidades de aprimorar meu trabalho e ampliar meu conhecimento no geral”, afirma.
Lívia trabalha com crochê e utiliza as redes sociais para divulgar e vender suas peças. “Produzo conteúdo com as roupas que eu faço, uso fotos e vídeos para atrair seguidores e fazer vendas online”, detalha. Para a artesã, ter acesso gratuito ao curso foi decisivo: “Facilitou muito. Gostaria de fazer, mas não teria condições de pagar por essa sequência de cursos. Tem mudado minha maneira de pensar e de trabalhar. Está sendo muito importante para mim”.
A editora de vídeo Heloísa dos Santos, que atua na área de comunicação, relata que fazer o primeiro curso do Co-laboratório de Comunicação, Inovação e Design Criativo – o de design gráfico- foi transformador para a própria trajetória. “Foi uma grande virada de chave”, conta. “Eu já tinha feito arquitetura, confeitaria artística, fotografia… e fazer o curso de design abriu muito minha cabeça para o que eu poderia realmente fazer. Eu não tinha noção do alcance das habilidades que já tinha”.
Ela também reforça a importância de o curso ser gratuito: “No momento, estou trabalhando como freelancer com edição de vídeo, então não é uma fase em que eu esteja com muita grana. Foi ótimo ter essa oportunidade, principalmente para me conectar com pessoas que talvez nem fariam esse curso se houvesse algum custo”.