Conforme um estudo publicado pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o salto evolutivo para o vírus da gripe aviária infectar humanos é muito raro e requer bastante tempo. A pesquisa, divulgada na segunda-feira (17), analisou o histórico de 50 anos de cepas do vírus H3N2 para medir a evolução da força do patógeno e especificidade de ligação a alguns receptores.
Após uma sucessão de casos relacionados à cepa H5N1, a doença voltou a colocar o mundo em alerta. O registro foi feito entre animais silvestres e de criação doméstica e algumas espécies de mamíferos de diversos países. O novo estudo explica os principais fatores que poderiam levar a um surto entre humanos.
“Até o momento, a epidemia de gripe aviária que atinge animais de criação e selvagens em todo o mundo não estabeleceu uma transmissão sustentada de humanos para humanos, e nosso estudo demonstrou que tais eventos são raros”, explica o coordenador do estudo, Erik de Vries, pesquisador da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Utrecht, na Holanda.
Segundo o grupo de Vries, alterações na proteína hemaglutinina, responsável pela ligação do vírus com as células do hospedeiro, ocorreram apenas duas vezes em toda a história de evolução do vírus influenza A H3N2.
Testes com baixas e altas doses do vírus mostraram, de acordo com o estudo, que, além da mutação, seria preciso um grande volume de cópias do patógeno para garantir a transmissão para humanos, o que é raro. A ligação com as células humanas pode ocorrer mesmo com doses mais baixas do vírus, com maior afinidade às células receptoras mas, nesta situação, não ocorre a transmissão de célula para célula.