Bikes compartilhadas voltam para o brasiliense

Há cerca de um ano, o mecânico Vanderlúcio Gomes da Silva, de 29 anos, incluiu na sua rotina o uso da bicicleta para ir ao trabalho. De segunda a sexta-feira ele saía pedalando de casa, no Riacho Fundo II, até a estação Taguatinga Sul do metrô. Lá, embarcava no último vagão – priorizado para quem está de bike –, descia na Estação Central da Rodoviária do Plano Piloto e completava o trajeto sobre duas rodas até a 703 Norte.


Vanderlúcio Gomes, sobre uso diário da bike: “Aumenta minha performance e fazer sobrar um dinheiro no final do mês” | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

“Usar o metrô com a bicicleta sempre deu certo e eu era muito bem servido, mas aproveitei a pandemia para evitar o transporte coletivo”Vanderlúcio Gomes, mecânico

 

A integração dos modais usufruída por Vanderlúcio e por outros milhares de brasilienses que incluíram a bicicleta como um dos seus meios de transporte, diariamente, é uma das ações que o Governo do Distrito Federal (GDF) desenvolve para desafogar o tráfego de veículos nas ruas. A proposta faz parte do Plano de Mobilidade Ativa desenvolvido pela Secretaria de Transporte e Mobilidade e vai atender, principalmente, quem mora nas outras 32 regiões administrativas do DF e trabalha no Plano Piloto de Brasília.

Nesse sentido, o governo se prepara para reativar um serviço que dará suporte a quem depende só do transporte coletivo: o compartilhamento dos equipamentos de mobilidade sobre duas rodas – aqueles que podem ser retirados e entregues em estações fixas da cidade. O esforço não é por menos: o DF tem a maior malha cicloviária do país, com elevação de 20% nos últimos 18 meses

Aliadas à tecnologia de aplicativos, bikes compartilhadas são uma solução de mobilidade cada vez mais utilizada em países desenvolvidos | Foto: Arquivo Agência Brasília

 

“A ideia é voltar com as bikes e os patinetes compartilhados. Estamos preparando o edital para botar a licitação que permitirá o contrato das empresas ainda neste semestre”, adianta o  secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Valter Casimiro.

O termo de referência – com regras para a prestação do serviço e a minuta de acordo de cooperação, sem custo algum para os cofres públicos – serão analisados pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF). Só depois disso o documento será divulgado.

Metrô tem o último vagão prioritário a quem viaja com a bicicleta | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

 

“Desde o início da atual gestão o governo tem dado uma atenção especial à ciclomobilidade, principalmente no Plano Piloto, que recebe trabalhadores de todas as cidades que não podem abrir mão do metrô ou do ônibus em um longo percurso. Mas que ganham tempo, economia e qualidade de vida fazendo parte dele pedalando”, completa Casimiro.

Também nas RAs

 

O retorno das vem acompanhado de uma novidade: os “aluguéis” deixam de se limitar ao Plano Piloto e passam a circular por todo o Distrito Federal. “Pela primeira vez a secretaria vai abrir um processo para contratar os serviços em outras regiões administrativas fora da região central de Brasília”, conta o subsecretário de Infraestrutura e Planejamento, José Soares de Paiva.

O técnico do governo lembra que o princípio da prestação de serviço do transporte público é oferecê-lo desde o ponto de partida do cidadão, ou seja, a casa ou trabalho do brasiliense. Por uma questão logística em grandes centros urbanos, isso nem sempre é possível. “A dinâmica não permite a cobertura integral. Então, precisamos oferecer meios para essa complementação, seja a pé ou de bicicleta”, acrescenta.

Dados da Subsecretaria de Infraestrutura e Planejamento apontam os ônibus como o meio de transporte responsável por atender de 40% a 45% da população do DF. Já o metrô serve de 10% a 12% dos moradores de Brasília. O modal sobre trilhos tem o último vagão prioritário a quem viaja com a bicicleta.

Já com os ônibus isso ainda é diferente. Como os contratos da atual frota em circulação são de 2012 e 2013, a Secretaria de Transporte e Mobilidade estuda a possibilidade de inserir adaptações nos veículos contratados a partir de 2022, atendendo a quem os utilizar com a bicicleta a tiracolo.

Mulheres têm cada vez mais aderido à integração das alternativas de transporte | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

 

Saúde e menos gastos

 

Com uma economia mensal de pelo menos R$ 300 – se utilizasse o carro, o gasto seria R$ 800 a mais por mês –, o mecânico Vanderlúcio Gomes, o trabalhador do início desta reportagem, resolveu alterar sua rotina de transporte durante a quarentena. Agora percorre de bicicleta todos os 30 quilômetros de casa ao trabalho. Ainda que enfrente a carência de ciclovias no trajeto, ele não se arrepende da mudança, à qual atribui questões pessoais.

“Não troquei por não me atender ou porque não gostasse, pelo contrário. Usar o metrô com a bicicleta sempre deu certo e eu era muito bem servido, mas aproveitei a pandemia para evitar o transporte coletivo. Além de aumentar minha performance e fazer sobrar um dinheiro no final do mês”, relata Vanderlúcio.

Fonte: Agência Brasília

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