A ativista e política María Corina Machado, principal voz da oposição ao regime de Nicolás Maduro, foi anunciada nesta sexta-feira (10) como vencedora do Prêmio Nobel da Paz 2025.
O Comitê Nobel da Noruega destacou sua “luta incansável pelos direitos democráticos e pela transição pacífica da ditadura para a democracia” na Venezuela, país que vive há mais de duas décadas sob forte instabilidade política e autoritarismo institucional.
“Este prêmio é para o povo venezuelano, que nunca desistiu da liberdade”, declarou María Corina, em mensagem divulgada por suas redes sociais logo após o anúncio.
Quem é María Corina Machado
Nascida em Caracas, em 1967, María Corina Machado formou-se em Engenharia Industrial e iniciou sua trajetória política ainda jovem.
Nos anos 1990, fundou a Fundação Atenea, voltada para ajudar crianças em situação de vulnerabilidade, e, posteriormente, criou o movimento Súmate, dedicado a promover eleições livres e fiscalizar processos eleitorais na Venezuela.
Em 2010, foi eleita deputada nacional com expressiva votação. No entanto, quatro anos depois, teve seu mandato cassado pelo governo chavista — um episódio que simbolizou o cerco político contra a oposição.
Em 2023, venceu as primárias da oposição para concorrer às eleições presidenciais de 2024, mas foi impedida judicialmente de participar. Diante disso, apoiou Edmundo González Urrutia, que se tornou o candidato de consenso das forças democráticas.
Atualmente, Machado vive em local não divulgado, sob constante vigilância e ameaças do regime.
Por que ela ganhou o Nobel da Paz
O Comitê Nobel justificou o prêmio como um reconhecimento à resistência pacífica e à defesa dos direitos civis em um dos contextos políticos mais desafiadores da América Latina.
A entidade ressaltou que María Corina representa “o espírito da coragem civil e da luta não violenta pela liberdade”, destacando também o impacto global de seu movimento na denúncia de abusos cometidos pelo governo de Nicolás Maduro.
Em anos anteriores, Machado já havia recebido o Prêmio Sakharov e o Prêmio Václav Havel de Direitos Humanos, consolidando sua imagem como símbolo internacional de resistência democrática.
Repercussão internacional
A vitória de María Corina Machado foi amplamente celebrada por líderes políticos e organizações de direitos humanos.
Governos da Europa e das Américas destacaram o prêmio como uma “mensagem clara de apoio à democracia venezuelana”.
No Brasil, o Itamaraty publicou nota ressaltando a importância de “transições pacíficas e institucionais” e manifestando apoio ao diálogo político no país vizinho.
Enquanto isso, o governo de Nicolás Maduro reagiu com críticas, classificando o Nobel como uma “ofensa à soberania nacional” e “instrumento de manipulação política internacional”.
O Prêmio Nobel da Paz 2025 será entregue oficialmente em 10 de dezembro, em Oslo (Noruega), data tradicional que marca o legado do fundador do prêmio, Alfred Nobel.